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O Eduardo é um completo maluco, Amauri pensa enquanto anda pelo jardim da casa.

Ele se senta em um banco cercado por hortênsias, o cheiro das flores irrita ainda mais Amauri, ele olha para o nada por um tempo, até o silêncio ser interrompido por Joana:

— Eu fiquei sabendo da briga. Por que ele te bateu, Amauri?

— Ele me provocou primeiro e eu provoquei também. — Ouvindo o que acaba de dizer, Amauri se sente com doze anos de novo, depois de mais uma briga com o seu irmão mais velho.

— O Eduardo é doente — Joana afirma. — Eu tenho que fazer o que eu preciso, e logo…

Amauri começa a juntar pontas na sua cabeça:

— Porque você voltou, Joana? E porque você insistiu tanto que a gente viesse também?

Joana hesita, mas começa a falar como se derramasse um grande peso de dentro de si:

— Justiça pela minha mãe. Quando ela morreu, e nós acreditamos que ela mesma tinha se jogado do terceiro andar da casa, o papai contratou um jardineiro para cuidar das plantas dela. O jardineiro, Augusto, manteve certo contato comigo, e quando, há uns meses atrás, ele se mudou para a capital por causa da saúde, ele me contou algo que descobriu, e eu mesma vim aqui para conferir e conseguir provas. A minha mãe não se jogou, ela foi empurrada. E para que a morte não fosse investigada todos os documentos dizem que ela morreu por complicações da tuberculose. E foi o meu pai quem encobriu a morte. Não por ser culpado, mas para proteger quem fez isso. E só existem três pessoas por quem Hector Montim faria uma coisa dessas, os filhos. E ele fez por um específico, o mais diferente de todos, o que já era problemático desde o berço, Eduardo. A grande verdade é que Eduardo nunca foi o que ele tanto se gabava de ser, ele nunca foi filho de Clara, ele é filho do meu pai com Adelaide, com quem ele até hoje tem um caso. E quando o Eduardo descobriu isso, ele discutiu feio com a minha mãe, e acabou empurrando ela do terceiro andar… E agora eu preciso de provas concretas, eu preciso agir, pela minha mãe!

Joana sai abruptamente e segue apressada para a entrada da casa. Amauri permanece paralisado no banco, processando as informações que jorraram da boca de Joana em menos de um minuto. Amauri precisa entrar, ele sente que o frio da noite pode congelar as lágrimas que caem desenfreadas dos seus olhos.

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