Milena vai até o jardim e se senta em um banco cercado por hortênsias. O cheiro das flores conforta Milena, relaxando-a após um dia tão estressante. Ela reflete sobre a conversa entre Adelaide e Eduardo. "Quem sabe o quê?" se pergunta.
Joana chega, quebrando o silêncio:
— Eu fiquei sabendo da confusão com Adelaide. — Ela se senta ao lado de Milena. — Milena, o que aconteceu?
Milena se sente aliviada com a presença da tia:
— Eu escutei ela discutindo com o tio Eduardo.
— O que você escutou exatamente, Milena? — pergunta Joana.
— Ela disse que tem alguém que sabe de algo que não deveria, e que eles dois têm que dar um jeito nessa pessoa.
Joana observa o vazio, com a boca semiaberta. Milena percebe os pontos se conectando na mente da tia, e eles também se conectam na sua:
— Tia, o que exatamente você veio fazer aqui?
— Justiça pela minha mãe. Quando ela morreu, e nós acreditamos que ela mesma tinha se jogado do terceiro andar da casa, o papai contratou um jardineiro para cuidar das plantas dela. O jardineiro, Augusto, manteve certo contato comigo, e quando, há uns meses atrás, ele se mudou para a capital por causa da saúde, ele me contou algo que descobriu, e eu mesma vim aqui para conferir e conseguir provas. A minha mãe não se jogou, ela foi empurrada. E para que a morte não fosse investigada todos os documentos dizem que ela morreu por complicações da tuberculose. E foi o meu pai quem encobriu a morte. Não por ser culpado, mas para proteger quem fez isso. E só existem três pessoas por quem Hector Montim faria uma coisa dessas, os filhos. E ele fez por um específico, o mais diferente de todos, o que já era problemático desde o berço, Eduardo. A grande verdade é que Eduardo nunca foi o que ele tanto se gabava de ser, ele nunca foi filho de Clara, ele é filho do meu pai com Adelaide, com quem ele até hoje tem um caso. E quando o Eduardo descobriu isso, ele discutiu feio com a minha mãe, e acabou empurrando ela do terceiro andar… E agora eu preciso de provas concretas, eu preciso agir, pela minha mãe!
Joana se levanta abruptamente e segue apressada para a entrada da casa. Milena permanece paralisada no banco, processando as informações que jorraram da boca da tia em menos de um minuto. Já é noite, e Milena decide procurar pelo pai.
CONTINUAR